Texto de Gilberto Dimenstein, publicado na Folha de São Paulo, em 12/06/2007
Educação faz milagre?
Recebi um número que faz com que a resposta do título acima seja a seguinte: não faz milagre. Mas quase.
O número é a taxa de desemprego da cidade de Piracicaba, interior de SP, refletindo-se nos 25 municípios de seu entorno: 6% negativos. Isso mesmo, negativos. É raríssimo ouvirmos semelhante porcentagem. Ocorre que lá se transformou num dos centros mundiais de inovação em energia alternativa, mais precisamente do álcool, gerando mais emprego do que a oferta de trabalhadores é capaz de suprir.
Isso é possível porque há cem anos se construiu lá uma escola de agronomia -- a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP)--, a qual atraiu centros de pesquisas. Nesse momento, a cidade está montando sofisticados arranjos produtivos para que se desenvolvam mais pesquisa e, assim, mais inovação, atraindo mais empresas. Isso obriga mais formação de mão-de-obra estabelecendo um círculo virtuoso.
O que acontece em Piracicaba, assim como em alguns arranjos produtivos locais no Brasil, revela nosso custo por não investir no conhecimento e, assim, não estimular o espírito empreendedor. Justamente por isso que São José dos Campos (SP), graças ao ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), fez do Brasil um pólo exportador de avião, algo aparentemente impensável para um país pobre. Ou que se possam construir disputados programas de internet num bairro do Recife.
PS - Coloquei no meu site (www.dimenstein.com.br) exemplos pelo Brasil de arranjos produtivos, além do caso de Piracicaba. É o que de mais sofisticado uma cidade pode desenvolver.
Como constatamos, a exemplo do primeiro texto postado, a educação continua fazendo a diferença, em algum momento da vida. mj
domingo, 17 de junho de 2007
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